No primeiro dia, fui guerrilheira
E no segundo, danada que sou
Formei logo um bando e subi a ladeira
Lampião me tomou pelo braço
Então, me fiz Miranda e cantei
Ao tico-tico, ao elefante, sambadeira
Mas inda não consegui largar o cangaço
Confesso
Vesti-me de doce e destilei ambiguidades
Achei o que é pouco bem bastante
Até que enfim, desarmada
Na cidade antiga do lado
Dancei na chuva, sambei
Molhada em transe, eu gritei
Vi os fogos num grande encontro
Existi e cantei a cada instante
Na ciranda, maracatu e sinergia
Desejei feliz ano novo e poesia
Comi uma tapioca, frevei e dormi
Pelo chão do quarto, as fantasias
Uma hora depois e já era dia
Enquanto recolhia o batalhão
Esticava a perna que doía
Já com saudades da revolução
Bem fundo do peito, que também já chiava
Dando sinais de que vinha congestão
Tomada por uma carnavália infinda
Eu sabia, ah eu sabia!
Feliz quem se entrega inteirinha a Olinda!
terça-feira, 14 de março de 2017
quarta-feira, 8 de março de 2017
Sororidade
"Ninguém nasce mulher: torna-se mulher.
Nenhum destino biológico, psíquico, econômico
define a forma que a fêmea humana assume no
seio da sociedade; é o conjunto da civilização que
elabora esse produto intermediário entre o macho
e o castrado que qualificam de feminino".
[Simone de Beauvoir - O Segundo Sexo]
pensava
nunca cantará como ela
A menina que lia Cecília compor e
pensava
nunca versará como ela
A menina que via Frida colorir e
pensava
nunca voará como ela
pensava
nunca resistirá como ela
A menina que sentia Simone libertar e
pensava
nunca se tornará como ela
As meninas
enfim
se iriam
E a mulher então
só
restaria
Sendo e seguindo
inúmeras
como elas
Mas pensava e crescia
E à mulher então
só
restaria
Seguir sendo
infinita
como ela
Mais pensava e crescia
E sendo, seguiu
braços dados
com elas.
No seu canteiro foi: |
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